quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Novo padrão de tomadas e plugues


Alguns meses atrás eu estava precisando de uma extensão elétrica para ligar os vários equipamentos de meu aquário. Eu precisava de uma extensão com tomada para o plugue de padrão americano, com 2 pinos chatos e um redondo (muito comum nos computadores). Para minha surpresa só encontrei extensões com um novo padrão de tomada que nem conhecia. Fui em outro supermercado e só encontrei o novo padrão de tomada. Procurei nas lojas online que costumo comprar e foi a mesma decepção. Resolvi digitar "Nova tomada" no google e descobri o que estava acontecendo. O Conmetro (Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) publicou a resolução nº 11, de 20 de dezembro de 2006, que altera o padrão de tomadas e plugues usados no país, conforme norma NBR14136:2002 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

A minha primeira reação foi de indignação. Com tantos padrões diferentes pelo Mundo, criar mais um só pioraria a situação. Comecei a imaginar a perturbação que isto causaria na minha vida, afinal um geek como eu não pode ficar sem uma tomada. O que eu faria com os vários equipamentos eletro-eletrônicos que tenho? O que faria com os outros equipamentos que compraria no exterior?

Lembrei de uma amiga que é comissária de bordo de voos internacionais, que depende de um adaptador universal para carregar o celular dela, em qualquer tomada. Coitada, vai ficar sem comunicação com o Mundo pois não vai ter onde carregar seu celular. Ainda não existe um adaptador para este novo tipo de tomada.

Outros pensamentos começaram a me deixar revoltado. Comecei a buscar um motivo para tal alteração e só encontrei um, no momento. Tal mudança causaria um aumento de consumo de tomadas e plugues, ou seja, promoveria o crescimento econômico do setor.

Passada a irritação inicial, comecei a pesquisar mais sobre o assunto. Busquei a norma ABNT que trata do assunto e verifiquei que ela foi baseada na primeira edição da norma internacional 60906-1, da IEC (International Electrotechnical Commission), de 1986. Esta norma da IEC foi criada para tentar unificar os diversos padrões existentes pelo Mundo. Já existe uma segunda edição da norma internacional, publicada este ano, 2009, mas sem nenhuma alteração significante para nós, brasileiros. Seria o fim dos adaptadores e incompatibilidades. Infelizmente a norma não tinha sido adotada por nenhum país, até agora. Incrivelmente o Brasil foi o primeiro país a seguir a norma, com algumas adaptações. O importante é que a norma brasileira mantém uma compatibilidade física com a norma internacional, permitindo que plugues brasileiros se encaixem em qualquer tomada de países que adote a IEC, e vice-versa. Uma exceção é a tomada brasileira de 10A, que tem os orifícios menores que os plugues da IEC, mas para manter a compatibilidade basta instalar tomadas brasileiras de 20A.

Bem, o problema de incompatibilidade continua pois o Brasil ainda é o único país a adotar este padrão de plugue e tomada, mas achei a atitude louvável. É o primeiro passo para acabarmos com este caos que existe hoje no Mundo.

O outro motivo, mais louvável ainda, é que o novo padrão tem uma proteção maior contra choques elétricos acidentais. Existe um outro dispositivo, o DR, que pode perfeitamente proteger o usuário contra choques elétricos (sem precisar mudar um plugue ou tomada) mas o uso deste tipo de dispositivo não está bem difundido entre os brasileiros. Prometo escrever sobre o DR em texto futuro.

No sítio do INMETRO na internet existe uma lista das Dúvidas Frequentes. Achei bom mencioná-lo aqui pois tem explicações sobre as proteções incluídas no novo padrão. Só devo alertar que, diferente do que o INMETRO informa, existe sim um padrão internacional, só que o Brasil é o primeiro país a adotá-lo, como expliquei anteriormente.

Além do INMETRO, encontrei no sítio da Prime, empresa do setor de eletricidade, um documento com explicação mais completa sobre o novo padrão.

Deixo aqui meu pedido de desculpas ao Conmetro, por ter sido preconceituoso diante de minha ignorância sobre o assunto, agora sanada! Parabéns, Conmetro, pela iniciativa!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Lembranças sobre suas rodas - Parte 1

Ilhabela - Estrada de Castelhanos

Como tudo começou

Tudo começou em um encontro de ciclistas que ocorreu em Santos (município do Estado de São Paulo), em fevereiro de 2001. O dia estava perfeito, assim como a conversa. Falávamos sobre as façanhas do dia anterior, a descida pela estrada velha de Santos, da qual não participei pois estava fazendo uma trilha em Campos do Jordão. Não me lembro muito bem como foi mas em um certo momento o assunto já era outro – Ilhabela. Foi então que o João teve a ideia de atravessar Ilhabela de bicicleta, pela estrada de Castelhanos. Em pouco tempo, Eu e a Soraya ratificamos a ideia do João e decidimos fazer a travessia já no final de semana seguinte.

Um pouco sobre Ilhabela

Vista do canal entre São Sebastião e a Ilha de São Sebastião (à direita), retirada do site Kitesurf Mania

Ilhabela é o único município-arquipélago marinho do Brasil e sua ilha principal, Ilha de São Sebastião, possui um relevo jovem, bem acidentado, com pontos culminantes de até 1379 metros. O arquipélago tem uma área superior à 340 km². A vegetação predominante é a Mata Atlântica e ainda está bem preservada. São 36 km de praias, sendo algumas acessíveis apenas por mar. As cachoeiras são abundantes. Suas características e belezas naturais são um convite para a prática de esportes náuticos ou de aventura. A região ainda reserva um bom número de histórias, mistérios e lendas (envolvendo piratas, escravos, naufrágios, almas penadas e discos voadores). Entre os naufrágios ocorridos em Ilhabela está o maior da América do Sul – O transatlântico espanhol Príncipe de Astúrias naufragou em março de 1916 tirando a vida de 477 pessoas.

Para o leitor que quiser se aprofundar sobre as histórias do arquipélago, ou sobre os naufrágios, pode encontrar maiores informações nos livros "Ilhabela - Seus Enigmas" de Jeannis Michael Platon e "Príncipe de Astúrias" de José Carlos Silvares e Luiz Felipe Heide Aranha Moura.

A viagem até São Sebastião

Eu e Soraya partimos bem cedo de Campinas. De carro, com as bicicletas amarradas no suporte e equipamento de camping no porta-malas, seguimos pela rodovia D. Pedro I. Até Jacareí foram 135 km, incluindo um pedágio no município de Itatiba. Os 23 km seguintes foram pela rodovia Carvalho Pinto, passando por mais um pedágio. Até este ponto o caminho foi tranquilo devido as ótimas condições das duas rodovias, fazendo valer os pedágios pagos. Continuamos a viagem, agora acompanhados pelo carro do João, pela rodovia dos Tamoios, estrada com poucos pontos de ultrapassagem e de mão-dupla. Não há nenhum pedágio nos 75 km até Caraguatatuba entretanto as condições da via não eram tão boas quanto as encontradas nas rodovias anteriores. Os últimos 25 km seguimos pela Rio-Santos, até São Sebastião, onde faríamos a travessia de balsa, até Ilhabela.


Visualizar Campinas - São Sebastião em um mapa maior

Vencendo o medo

Meu primeiro desafio do passeio foi antes mesmo de começar a trilha, já na travessia da balsa, pois tenho fobia de grandes concentrações de água. Os minutos de espera pela balsa foram tensos. Eu procurava me acalmar mas experimentava um sentimento misto, de ansiedade e medo. Iniciado o embarque, respirei fundo e conduzi o carro até o local indicado para o estacionamento. Procurei me distrair, conversando com os amigos, o que me ajudou muito.

Preparativos


Visualizar Estrada de Castelhanos em um mapa maior

Chegamos em Ilha Bela e nos dirigimos para o camping. Já no camping, começamos os preparativos para a trilha: equipamentos de proteção, protetor solar, lanche, água potável, anti-histamínico ... é, além do medo de água ainda enfrentaria um dos meus maiores inimigos, o borrachudo. Quando criança já precisei ir ao hospital devido a uma reação alérgica à picada deste inseto, abundante em algumas regiões do litoral paulista.

Força, amigo!

Com as bicicletas à postos, partimos em direção à Castelhanos, praia do lado leste da ilha. A estrada é de terra e bem arborizada, o que impedia os raios solares de alcançar o solo, deixando-o bem úmido. O primeiro trecho é uma subida contínua, chegando a pouco mais de 700m acima do nível do mar. Na portaria do parque estadual de Ilhabela, ainda no começo da estrada, fizemos uma pausa para tirarmos algumas fotos, fazermos um pouco mais de alongamentos e abastecermos as caramanholas. O trânsito de veículos motorizados na estrada é bem pequeno. Não é qualquer carro ou motorista que consegue transpor todos os obstáculos encontrados ao longo do percurso. A subida foi relativamente tranquila, sem contratempos, afinal, todos ainda estavam com muita energia.

Hora do Downhill

Superado o trecho de aclive, chegou a hora de transferir as forças dos membros inferiores para os membros superiores. O começo da descida foi bem divertido, com muita velocidade. O ar soprava nossas faces com força, mesmo não havendo ventos. As curvas e barrancos começaram a exigir um controle maior da velocidade das bicicletas. Neste momento o João começou a ficar para trás. Fizemos algumas pausas para reunir o trio e continuamos a descer. A grande quantidade de lama, buracos, pedras, e o receio de veículos no sentido contrário começaram a nos exigir uma atenção maior ainda. Logo as mãos, punhos, braços, ombros e pescoço começaram a doer, devido ao esforço contínuo de acionamento dos freios e à tensão causada pela dificuldade da trilha. A única coisa que eu desejava no momento era um freio a disco.

Apesar de desgastante, estávamos curtindo bastante a descida, quando de repente surge um grito do nada: "SAI DA FREEEEENTE!". Com um pedido tão educado, retirei-me para o canto da estrada, e então passou um vulto, vestido de ciclista, um Downhiller. Passado o susto, continuamos a descida por locais onde até um jipe tinha dificuldades de passar. Um pouco mais à frente cruzamos com uma pick-up. Dentro dela estavam: o motorista e o downhiller que tinha passado por nós. O downhiller estava com o equipamento de proteção completo, de dar inveja a qualquer cavaleiro medieval. Na caçamba da camihonete ... uma bela máquina de duas rodas. Continuamos nossa descida e não demorou muito para o silêncio ser quebrado novamente: " A FREEEEENTE!". Lá se vai o downhiller descida a baixo, mais uma vez.

Finalmente chegamos ao final da descida. Nossa próxima tarefa: atravessar um rio raso, de água cristalina e gelada, e com fundo preenchido de pedras lisas. Na outra margem estava um grupo de cavaleiros. A tentação de atravessar o rio pedalando foi tão grande que não resistimos. Pegamos um bom embalo e entramos no rio. No meio da travessia os pedais estavam submersos e pedalar nesta situação exigia um esforço muito grande. Não tinha como continuar, então a outra metade do rio foi transposta com a bicicleta no ombro. Pelo menos ninguém caiu. Depois de conversar um pouco com os cavaleiros, seguimos o passeio. Foi então que encontramos uma poça de água da chuva, enorme. "Desviar pra quê?", pensamos. Passamos por dentro dela em alta velocidade, indo parar lama até dentro da orelha.


Enfim, Castelhanos

Imagem da baía de Castelhanos, retirada do site Kitesurf Mania

Chegamos! A paisagem era fantástica e nos fez esquecer que ainda teríamos que enfrentar o esforço do retorno. Um quiosque de sapê, no meio da praia, nos forneceu abrigo contra o sol. Novamente fizemos uma pausa para fotos. É claro que não poderia faltar um bom banho no mar, até porque precisávamos tirar todo aquele barro do corpo. Ainda vislumbrados pela beleza da região, fomos recebidos para um banquete, pelo menos para os borrachudos. Eles estavam se deliciando com nosso sangue e nos lembravam que estava na hora de partir. Infelizmente não tivemos tempo de explorar toda a praia, que merecia pelo menos um dia inteiro.

Subida a pé

Estávamos ainda no início do retorno quando escorreguei com o pneu da frente em uma pedra. Não consegui desencaixar a sapatilha do pedal e levei um tombo. Ainda no chão, tentava desencaixar a sapatilha mas não conseguia. Eu usava um modelo de pedal de encaixe da Shimano que era muito fechado e acumulava muita lama. O resultado não podia ser outro, tinha tanta lama acumulada que o sistema de desencaixe travou. Só consegui me levantar após ter recebido a ajuda da Soraya para desencaixar a sapatilha. A queda me deixou com a coxa um pouco dolorida, mas só.

Pouco tempo depois foi a vez da Soraya. Após o pneu traseiro girar em falso sobre uma pedra lisa, a bicicleta escorregou de lado, levando a Soraya de encontro ao chão. A queda foi severa com ela e deixou várias escoriações na perna e muitas pedrinhas cravadas no joelho. Com o joelho doendo muito, ela não conseguia mais pedalar. Tivemos que fazer a subida a pé. Nesse momento já não tínhamos mais contato visual com o João pois ele tinha ido na frente. Foram pouco mais de 10 km de subida a pé e empurrando a bicicleta, em terreno enlameado e com muita pedra. Tivemos que parar por vários momentos por causa das dores que a Soraya estava sentindo. O odômetro da bicicleta progredia muito devagar e o desânimo, muito depressa. A situação ainda estava piorando, estava esfriando, a fome começava a ficar intensa e o cansaço não nos dava trégua. Nosso objetivo principal era terminar a subida pois poderíamos fazer a descida montados na bicicleta, visto que a Soraya não precisaria pedalar. Muito tempo depois conseguimos alcançar o final da subida e re-encontrar o João. A conclusão da subida foi muito comemorada, precipitadamente.

Descida a pé

Explicado todos os acontecimentos para o João e aliviados por ter conseguido alcançar o topo da trilha, apressamo-nos a iniciar a descida. E então uma nova descoberta exauriu por completo nossos ânimos. Meus freios não funcionavam mais. As sapatas tinham sido integralmente consumidas na descida anterior – O desgaste havia sido acelerado pela grande quantidade de lama. Sem freios, só tinha uma coisa a fazer, descer a pé. Depois de ter feito mais de 10 km de subida a pé e empurrando a bicicleta eu não conseguia acreditar que teria que fazer mais 10 km de descida, também a pé. E o pior de tudo é que já estava escurecendo. Não tínhamos levado farol ou lanterna pois saímos muito cedo e prevíamos um retorno antes do entardecer. Minha cabeça era inundada por um único pensamento: "O que estou fazendo aqui?".

Antes que o pânico tomasse conta de nós tivemos que pensar em um plano emergencial. Decidimos que o João seguiria de bicicleta, sozinho, para buscar o carro e nos resgatar. Eu desceria a pé e a Soraya me acompanharia de bicicleta. Plano em ação, logo a escuridão tomou conta de tudo e não enxergávamos além do próprio passo. Estávamos sozinhos, em uma ilha, numa região erma, cercados de Mata Atlântica por todos os lados. Apreensivos, os sentidos começaram a funcionar melhor, ou pior. Começamos a enxergar e escutar coisas estranhas. Num lugar com tantos mistérios começamos a acreditar que tudo era possível. Tornou-se difícil identificar o que era real e o que era imaginário. A passos largos, tropeçando no escuro e sem saber o que nos rodeava, chegamos à portaria do parque. Vimos faróis em nossa direção mas ainda estávamos apreensivos. Não tínhamos mais forças para nenhuma nova surpresa. Em dúvida se aquilo seria nosso resgate ou nossa perdição resolvemos arriscar e nos aproximamos do veículo. Ainda um pouco incrédulos e eufóricos reconhecemos o João, já com o carro para nos resgatar.

Basta por hoje

Enfim ... o camping. Preparamos um macarrão semipronto, com o sabor incrementado absurdamente pela fome que sentíamos. O banho de água morna em box de concreto parecia uma hidromassagem de um hotel 5 estrelas. O chão da barraca – frio, duro, irregular – não nos impediu de ter uma noite sensacional. Nunca tive tanto prazer em saciar necessidades tão básicas.

Depois de tanto sofrimento, uma pessoa normal ficaria um bom tempo no conforto da civilização, mas não foi o nosso caso. Uma semana depois já estávamos planejando a aventura seguinte, mas não antes de comprar um bom freio com sapatas reserva para ambiente molhado e de trocar meu pedal Shimano por um Time.

Até a próxima!

Lembranças sobre suas rodas - Notas

Caros leitores, pretendo escrever uma série de textos sobre minhas várias aventuras de bicicleta. Minha memória não ajuda muito e nem sempre as lembranças que tenho correspondem exatamente com o que aconteceu. Dei-me a liberdade de preencher algumas lacunas. Os nomes dos personagens não necessariamente são reais. Chamarei a série de "Lembranças sobre duas rodas". O primeiro texto é sobre uma das mais notórias de minhas aventuras, e não poderia ser em outro lugar senão Ilhabela. Este é meu primeiro texto narrativo e estou pesquisando e aprendendo como fazê-lo de forma correta. Espero que gostem.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Nova lei antifumo

Tenho visto várias notícias nos jornais sobre como as pessoas desrespeitam a lei antifumo. Os comerciantes ainda não perceberam que a maioria é de não fumantes.

Eu tinha deixado de frequentar o Fran's Café por causa dos fumantes mas voltei, com a nova lei. Se todos não fumantes simplesmente deixassem de frequentar estabelecimentos onde não é cumprida a nova lei, os donos iriam sentir no bolso e então intensificariam as medidas contra os fumantes que desafiam a lei.